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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Um post só pra ela: nossa Cassandra Camina

Um dia para esquecer... Ou para lembrar para sempre!
Hoje se foi nossa companheira Jenny, de volta para a Capital Federal.
Compramos cerveja, fizemos estrogonofe, jogamos pebolin (que aqui se chama metegol), tiramos fotos vestidas de putas...  Aprontamos o que pudemos e...

Putas?
Eis que Cassandra Camina (o alterego da Jenny) nos chama, de um em um...
Primeiro eu... tinha na mão uma sacolinha estampada e, dentro, um lápis com glitter e um envelope com um adesivo da Sininho. Dentro do envelope, palavras lindas e carinhosas, acompanhadas de uma foto nossa, do primeiro dia em que saímos juntas.

Quando ela voltou de MIna Clavero...
Depois o Omar e a Paola...
Me segurei, dei uma de gaúcho macho e não chorei!
Voltei para o pátio e a Paola me chama. Lê um conto que a Jenny escreveu e, óbvio, ninguém se segurou mais. Éramos quatro patetas chorando... Escreveu sobre nossa história...
É incrível como as pessoas entram em nossas vidas por acaso e acabam ficando. Eu nunca vou esquecer da Jenny e de suas lições de espanhol, sua risada gostosa, da primeira vez que a vi e que lhe perguntava o tempo inteiro se dice así?, de quando voltou tarde da noite de Mina Clavero porque não havia hospedagem... Nunca vou esquecer dessa portenha filha da puta que me fez chorar tanto...
Estou longe da minha família, do meu cachorro, da minha casa, do meu país... e ela, o Omar e a Paola suprem essa necessidade que tenho de uma família...
Bom, neste momento estamos os três no pátio, fumando com uma cara de cu que só Deus sabe! Deus e Cristian, que está hospedado aqui e também vê essa cena patética!
Cassanadra segue caminhando... e estamos parados, aqui, porque estamos sem Cassandra, que caminha tanto e tão rápido!
Te extrañamos, Jenny...
Que cabeza que me duele, eh?
Nos fez chorar muito, safada!
E aqui está seu conto, traduzido:

Era uma vez... Córdoba

Esta história começa pouco tempo atrás, nas longínquas terras da cidade de Córdoba.
Cassandra Camina, uma jovem que caminha e caminha, chega em um lindo dia ao Hostel Que Onda. Esperando encontrar um bom clima e um lugar para descansar, entra no mais escuro lugar: uma menina simpática de cabelos curtos e óculos  de intelectual a recebe com um largo e simpático sorriso. Mas, lamentavelmente, esta jovem parece ser uma solene pessoa que se preocupa com fechar as janelas à noite e deixar tudo em perfeita ordem, indo dormir cedo.
A Cassandra Camina não lhe resta outra coisa a não ser ficar lendo sob a luz de uma tênue lâmpada cilíndrica.
O resto das pessoas que perambula por este lugar também é serio: um jovem "mexican boy" lava e seca, seca e lava, e não fala com Cassandra mais que algumas palavras, tais como: "olá", "tchau", "obrigado", "não há de quê".
Cassandra Camina segue sozinha, caminhando e caminhando, anda e desanda pela cidade. Pensa em ficar duas ou três noites, já que a cor cinza e as ruas peatonais e tumultuadas não são boas companheiras do calor.
Em um belo dia, uma "Brasil" chega ao hostel. Parece uma linda pessoa que pergunta: "se diz assim?", porque a pobrezinha não entende muito espanhol. Diz que o problema é ser brasileira, isso complica as coisas. Por um momento, Cassandra Camina tenta escapar dessas pessoas estranhas, "tipos pelotudos", indo a Mina Clavero, um bonito lugar com rio. Mas, para sua desgraça, nossa anti-heroína não consegue hospedar-se lá, e volta ao maldito Que Onda. E ela se pergunta: "Qué Onda???".
Ao chegar à noite, bem tarde, uns braços amigos lhe recebem com alvoroço.
A loca de sorriso largo sorri simpaticamente e, enquanto segue o relato com atenção, levanta um copo de fernet, bebendo-o com muita vontade.
"Mexican Boy" se ri, revirando os olhos com um gesto contagioso.
E a "Brasil" não faz outra coisa que não seja mencionar a "pinchila", que até então Cassandra não sabia o que era.
Neste momento, se somou um tal "Colômbia", um menino que dorme e dorme o que mais saber dizer é "Que chebere!*" quando algo lhe cai bem.
Os dias transcorrem e a amizade se vai consolidando: já se vendem "pinchilas", "pinchilitas" e "pinchilones" por onde se vá, o cheiro de cigarro inunda o pátio da felicidade, e a "marihuana" apronta das suas, colorindo todo o ambiente e fazendo viajar quem fuma e quem não fuma também. Agora Cassandra já não caminha: voa. 
Ao cabo de uns dias novos amigos se somaram. Não tardou a vir o álcool, fiel companhia das almas perdidas; e, com ele, o Equato, e o problema já não é mais ser brasileiro e, sim, ser equato (cuiji, cuiji e abaixo, abaixo, abaixo**).
Noites que encontram histórias, psicodélicos estados de felicidade, papos filosóficos.
Cassandra Camina esqueceu por um momento ter outra vida. Seus dias de bailarina só estão na memória enquanto garrafas de cerveja e jarras de fernet passam pela sua frente e, com ela, permanecem.
Tem de voltar à sua triste cidade, mas como fazê-lo tendo tanta alegria ao seu redor?!
"Equato", "Colômbia", "Mexican Boy", "Brasiu" e "A Louca Pocha" estarão sempre na memória de Cassandra, e dizemos memória porque nada se repete da mesma maneira. Não há duas vezes em que a vida coloque diante de nossos olhos um mesmo momento. Hoje é hoje. E o que é hoje não será igual a amanhã.
Mas como a vida é um carnaval, podemos escolher entre reviver cada um desses bons momentos com novos encontros felizes que, por sua vez, seguirão na memória do futuro, ou também podemos esquecer estes dias, como apenas mais um intranscendente em nossas vidas.
Cassandra escolhe o primeiro.
E quando chegar à sua casa, nessa escura cidade cinza, vai se encarregar de molestar cada um destes personagens que, alguma vez, como ela, desandaram nas ruas de Córdoba.

"CARNAVAL TODA LA VIDA"
* Que legal!
** Uma musiquinha que inventamos...
Por Cassandra Camina (ou Jenny)

4 comentários:

  1. Tienes razón en que no podemos volver a repetir un momento. Pero lo lindo está en que los recuerdos quedan grabados y se pueden reproducir siempre.

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  2. E para sempre vão se reproduzie em nossas memórias, Equato! E logo estaremos todos juntos de novo! Assim que eu possa ir a Bs As, vou voando! Beijos!

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  3. Brasiú que trabajito traducir todo eso!!! Y gracias por todas las palabras lindas que escribiste antes de poner mi cuento. Es muy raro ver publicado en un blog algo que ecribí yo, jajajajaja. Te quiero muuuucho!!!
    Jenny.-
    (Cassandra Camina)

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  4. Nos es trabajo... es un gusto!!
    Te extrañamos mucho!!!
    Y te quiero mucho tambiééééén!!!

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